Friday, August 11, 2006

É mesmo?

Quando eu era mais nova pensava em psicólogos como charlatões que ganhavam dinheiro em cima do sofrimento alheio e pensava nos pacientes que iam ao psicólogo como otários que não tinha força o suficiente para resolver seus problemas existencias sozinhos. Ou seja, desprezava ambos. Hoje mudei meu conceito quanto a isso, apesar de preferir que fosse exatamente do jeito que eu pensava: psicólogos = charlatões, pacientes = otários.
Estive pensando esses dias no quanto ter aula de filosofia mudou muito meu pensamento a respeito de várias coisas, como descobrir a literatura existencialista foi melhor do que desabafar com qualquer amigo. E é aqui que está o ponto, eu sou ainda tão jovem e já tendo acesso a esse tipo de conhecimento, é notável a influência positiva que a filosofia existencialista traz porque ela trata do conflito em existir! Quem é que nunca se encontrou em conflito com si mesmo? Pensem só se desde criança nos fosse ensinado nas escolas e até pelos nossos pais a importância de pensar em si próprio como principal ferramenta para resolver nossos próprios problemas, se existisse literatura existencial infantil. Eu não sei se você ai já leu um livro do tipo, mas eu recomendo, quando se sentir solitário e incompreendido não há nada melhor do que arranjar um amigo personagem de história existencial. Mas aqui entra o contraponto: porque eu preciso desse tipo de coisa? Por que precisamos de psicólogos que nos mostrem o caminho para entrarmos em harmonia com nós mesmos? Por que preciso ler um livro pra me sentir normal e bem? Como resolver esse problema? Talvez incentivar as crianças a já trabalharem essa individualidade do "O caminho do mistério aponta para dentro". Quantas pessoas pensam assim? Entendem que só elas podem se ajudar?
Eu estive pensando que deveria aproveitar melhor essa minha folga juvenil, sem contas pra pagar, sem vida conjugal, sem trabalho, só ir pra escola, somente, e me sobra a tarde inteira pra fazer o que eu quiser: ler, assistir tv, namorar, dormir, brincar... Mas eu acho que quero aprender, estudar dedicadamente a filosofia do existir, trabalhar minha própria concentração, o controle, a compreensão das relações a minha volta já que sei que um dia vai me faltar tempo pra isso, no dia em que tiver que trabalhar, família pra cuidar, conta pra pagar, ter que resolver todos os meus problemas da forma mais rápida o possível. Ai quando sentir uma ponta de desespero e impotência correr pro analista, me tratar e estar livre de novo rapidinho, mas provavelmente vai ser só por um tempo até que as crises voltem e eu mesma volte ao analista, num ciclo.
Eu espero que um dia os psicólogos se tornem desnecessários, que cada um tenha conhecimento de si próprio e sabedoria pra se encontrar em meio as crises existenciais e problemas de relacionamento porque já vai estar preparado para esse tipo de situação antes dela surgir. Lembram de Sócrates? Diz Platão que ele era um andarilho que vivia por ai conversando com as pessoas e fazendo com que elas percebessem o quanto sabiam ou o que estava errado no raciocínio delas só através de perguntas. Ou seja, ele mostrava pra essas pessoas o que já estava nelas mas que elas mesmas não percebiam!
De que adianta ter tanta tecnologia, a beleza dos avanços da ciência, os remédios milagrosos... para aproveitar todas essas maravilhas da vida moderna nada melhor do que estar em maravilha com si próprio. Homens não são máquinas, homens criam máquinas.


Enfim, pensem nisso.