Friday, May 18, 2007

La Valse De Monstre

Escrever aqui tem um valor vital: a lembrança.

Aqueles pensamentos que nos ocorrem e logo se vão com destino incerto, preciosas idéias que mudariam nossa vida pra melhor se nos lembrassemos delas. Pense em quantas vezes você já não se deparou com algo que escreveu no passado e que se encaixaria perfeitamente no seu momento atual ou em quantas vezes não lhe ocorreu um pensamento que você reconheceu não ser uma novidade. Aqueles parafusos a mais que existem em nós mesmos, nos desequilibrando aqui e ali até que alguém vem e nos cutuca na ferida fazendo com que pensemos em que parafusos nos mantêm e quais nos dissipam. Que momento bom de entendimento, se é... mas passam algumas horas e já fazemos tudo igual, igualzinho e erramos igualzinho e pensamos em mudar igualzinho e igualzinho a gente continua, não muda. Ou seja, toda vez que paro para reler os textos que escrevo aqui me lembro de algo que não deveria ter esquecido. Poxa vida, acho que vou dormir com uma fita tocando todas as minhas observações críticas quanto a mim mesma para aprender um pouco mais, assim como aqueles cds com fórmulas físicas que escutamos repetidamente para decorar tudo.

Vou começar a ouvir mais os meus conselhos, literalmente.

Saturday, May 05, 2007

Muito barulho por nada

Pensar estando dentro de casa é realmente difícil. São as paredes brancas, sufocantemente "cleans" e o excesso de monóxido de carbono acumulado que provem dos carros que transitam por esta rua todos os dias. Para respirar um pouco mais puramente não ando muito, veja só que ironia, basta descer uma quadra e já chego ao Zerão, com suas muitas árvores e grama macia.
É Sábado, muita gente ainda está almoçando, já são mais de duas horas da tarde, no Zerão há pouca gente, a não ser aquele aglomerado de pessoas na frente do estúdio Desirrê Sõares (não sei escrever e já aproveito para esculhambar). Pessoas bem atípicas para o clima do lugar, gente cheirosa, bem arrumada e de salto alto. Vai rolar um desfile super por lá. Com toda certeza eu não parei para assistir. Desci as escadas, vi uns moleques de 11 ou 12 anos de idade praticando o tal Le Parkour, um mendigo dormindo no campo de criket(ou algo parecido) onde os descendentes nipônicos já de certa idade costumam passar suas manhãs.
Ai que nada de novo, a não ser o ar, um pouco menos carregado. Ando até de vagar, porque ali é gostoso me demorar, sento quietinha, sozinha, só para olhar a grama e pensar. Pulo de um banco para o outro, mudando um pouco a paisagem que se sintetiza em árvores. Subo até aquele balanço, aquele lá bem nas bordas do Zerão, onde você balança em meio à rua, motos e caminhão e também às árvores. Balanço, mais gente arrumada passa e desse as escadas, vão para o desfile provavelmente. Balanço, mais gente passa, olha e ri, "meio grandinha essa ai para brincar de balanço", mas é que a rede de casa não é tão bacana quanto um balanço, se é que há diferença, hã?!
Já relaxei os músculos e meu mau-humor, posso voltar para casa. O Zerão já vai ficando mais movimentado, até criança vai desfilar. Bom pra aquelas que aguentarem olhandar tanto tempo para o parquinho de diversões que está bem na frente do estúdio e não correr até lá para brincar. Uma dezena delas no entanto já está lá sujando a roupa nova que a mamãe lhes vestiu, enchendo o sapato de terra. Essas ai, as pequenas pessoas, ainda não se atraem pela estética, desfile, moda e essas coisas tolas a quais se costuma dar grande valor. Penso em fazer algum atentado ao "fashion" ali naquele lugar, mas me amedronto diante daquelas mulheres, boa parte delas deve ser fã de novela e pensam que uma boa maneira de resolver um problema é "armando o maior barraco" e depois chorar de raiva... e na raiva delas, vai que um daqueles sapatos de saltos finos e enormes que estão vestindo voa até minha cabeça, pois não, não mesmo! Mais uma olhada de despedida para as crianças que já emporcalharam toda a sua roupa e perderam as chances de vencer o desfile, mas como diz a propaganda: Se sujar faz bem(com duplo sentido).