Sunday, October 07, 2007

A droga do amor III - O grande final

Diriam alguns que as paixões devem nos guiar como meios da liberdade, onde não se diz não, só sim. Diriam alguns que a virtude está em ser além da moral estúpida que nos afoga e nos faz renunciar aos desejos em prol de algo maior(?). Diriam ainda que as paixões são o que nos impedem de conquistar a tal liberdade pois nos afasta do dever e da consciência do que é certo. Pois que sejam todas essas especulações consideradas ao lado de muitas outras, a verdade é que ninguém (generalizações) é capaz de renunciar a esse sentimento que eleva nosso humor e ruboriza nossa face.

Mas, o que nos leva determinadamente à renúncia? Lembrem-se que, segundo estudos científicos, o nosso cérebro se vicia nos hormônios da paixão e logo eles cessam para dar origem a um relacionamento profundo ou ao fim dele. Como se relacionar diante a fragilidade de opostos que não se complementam, mas se disputam? Se como diz o senso comum "ninguém muda" então os casamentos sobrevivem de contos de fadas muito interessantes. Sim, caros, mudamos, nisso acredito. Nosso amor cresce em plano concreto, depois, levado pelo êxtase da compreensão que o outro lhe oferece, o amor passa a pedir mais do que pode pedir e se torna um ideal de mentiras. Podemos querer crescer dentro de um amor, mas isso não fica mais coerente diante de posições mais objetivas como "sim querida, sei que você cozinha muito mal, por isso fiz esse excelente curso de culinário, nunca mais comeremos arroz queimado" ou " sim querido, eu sei que adoro criticar o que você faz, mas agora me posicionarei como uma professora amável, que tenta ensinar seu dedicado aluno a corrigir seu erro"... oh, que idílico!

Para aprendermos qualquer ciência, exata ou não, precisamos de certo esforço, pois a compreensão se consiste na interpretação de símbolos da linguagem específica de cada ciência. Pois podemos então elevar um sentimento de grandeza, como o amor, ao nível de ciência, mas uma ciência de caráter mais particular, onde cabem as interpretações de cada parte envolvida no caso. Nas conversas de butecos já levanta-se a questão de que todo relacionamento é igual na questão das brigas e desentendimentos em geral. Um namorado raramente equivale a um amigo, pois amigos nos entendem num olhar e já se sentem satisfeitos em tomar chuva junto de outro amigo, isso resume um “programão”, no caso do namoro nunca se entende nada e nada é o suficiente para a satisfação, idealiza-se a complicação do prazer, que ops... só resulta em desprazer. Assim, vivemos profundos momentos de alegria e insatisfação, pois nosso namorado não é nosso amigo e não aceita nos acompanhar naquelas atividades que nós nunca faríamos, mas que com nosso amor seria lindo, oh, que idílico!

O fim dessas frustações mirins vem com o fim do amor, de forma forçada. Jogamos nosso corpo numa peneira a fim de sabermos quem somos, voltamos a vida normal e sem planos mirabolantes, nos apercebendo do quanto somos estúpidos e claro, mirins. Do meu ponto de vista, os animais são sempre bom exemplo quando se busca a felicidade, eles não têm moral, não têm conceitos metafísicos na cabeça, não têm crises psicológicas e agem pelo instinto. Como somos humanos, fica ai a sugestão de bater o humano com seu lado primitivo no liquidificar para deixar a vida mais homogênea, mais relax.

E finalizarei aos modos subentendidos: além da porta sagrada e limpa do mundo artificialmente luminoso existe um mudo quentinho, colorido e gracioso, amém amor.

6 Comments:

Blogger plasticorchid said...

http://plasticorchidd.blogspot.com/2006/05/como-manter-um-amor-ou-como-manter-um.html - A droga do amor I

http://plasticorchidd.blogspot.com/2006/12/droga-do-amor-ii.html - A droga do amor II

10/07/2007 2:32 AM  
Blogger CassiO said...

Fisiologia nunca foi uma matéria que me agrada, nem acho que chegará perto disso, mas é aquele esquema: tu se adapta até certo ponto, dificilmente por completo. E só revendo tudo agora que eu me toquei que a parada da poligamia não funciona se considerarmos todos os hormônios envolvidos. Se nos acostumamos com os hormônios produzidos a ponto de negligenciar seus efeitos, que efeito teria uma troca de parceiro? Digo, trocar de parceiro não mudará os hormônios que são produzidos, são substâncias químicas iguais tanto da paixão do Fulano pela Ciclana quanto pela Beltrana. Um pequeno esquema disso seria:

Fulano se relaciona com Ciclana => produção de hormônios => Fulano se acostuma com os hormônios => Fulano se relaciona com Beltrana => nova produção de hormônios => nada muda, pois Fulano ainda é acostumado com os hormônios

É claro que poderíamos considerar que, além de se acostumar com esses hormônios, a produção dos mesmos é diminuída. Aí sim, com um novo relacionamento, uma nova produção poderia surtir efeito, talvez não total ou duradouro como a primeira emissão desses hormônios. Mas é aquele esquema, tô chutando com a bagagem que eu tenho, nada afirmado aqui.

Esse comentário ficaria melhor no primeiro post da série "Droga do Amor", mas tô com preguiça de voltar lá atrás pra comentar onde nem vai ser lido hehehe.

E também não tenho experiência pra comentar sobre esse post de agora =þ

10/09/2007 12:19 AM  
Blogger emilio_ said...

eu gostei das frustrações mirins!

10/09/2007 10:23 AM  
Anonymous Anonymous said...

Não sou bom pra compreender posições.
mas ficou no ar

10/13/2007 11:46 PM  
Anonymous Anonymous said...

é muita CORAJI empreender uma investigação mental sobre o amor. desisti de entender há muito tempo.

(ah, a festa do pijama não foi esquecida. só que estou definitivamente com salários atrasados. assim que receber, aviso.)

10/14/2007 5:30 PM  
Blogger Cris Thaís Quinteiro said...

olha,
eu terei de voltar aqui e reler este texto pq eu gostei mto. e eu costumo reler o q eu gosto.
e este me levará a outros seus, certamente, e assim virei mtas vezes, suponho.

eu, bem no senso comunzão brega de um "foda-se" acho q me aproximei do q vc disse, veja lá

http://temperoforte.blogspot.com/2008/02/foda-se.html

há um ano e pouco atrás vc escreveu lá no meu blog.
espero q volte. será apreciada sua visita.
um bjo
cris

2/07/2008 3:36 AM  

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