Sunday, November 27, 2005

Crônicas domingueiras

Domingo, ou o coma ou o cuspa!

As manhãs de Domingo são sempre tão profundas e reflexivas, não sei bem porque, mas acho que tem a ver com a onda de pensamentos e energia que as pessoas jogam para a atmosfera domingueira fazendo do nosso campo mórfico e de nosso próprio corpo habitação para a nostalgia e para a vontade de mudar.
Queria que hoje fosse o último Domingo onde o desejo de festejar lateja nas veias, quando não é o próprio oxigênio a minha volta. Há tanta coisa para fazer, tanta coisa importante que acredito que não farei nenhuma delas, e sem arrependimentos.
Em breve chegarão as férias, em breve! Mas ah... se tem alguma coisa que me tira dos eixos mentalmente saudáveis é esperar.
Abstração desejada, como queria poder mastigar as férias -sentindo o gosto de cada pedaço- para que elas fizessem parte de mim até a morte ao invés de serem minhas por curtos períodos de tempo, me deixarem feliz, sã e mal acostumada e depois irem embora, assim, de um dia para o outro.
Não consigo me concentrar, até papai já reparou: “Liza! O que está acontecendo com você? Era tão concentrada, agora parece que vive no mundo da lua, tá apaixonada é!?” e ai eu respondo ainda com o olhar perdido: “Ah pai! ... se as paixões fossem o meu problema eu estaria satisfeita, mas a questão é bem mais séria e não tem nada a ver com exclusiva burrice amorosa... (suspiro lamentoso)”
E são os domingos que me lembram que odeio os tradicionais domingos, sabe!? Acordar às dez, almoço farto em família, céu azul, calor, alegria, Faustão... Um dia algum pedaço de mim hierarquizou um tempo em que eu amava os domingos, os cabelos eram channel e tinha franjinha de lado, hoje Eliza gosta de ter os cabelos longos e avermelhados, mas não é o cabeleireiro que trará de novo a beleza dos dias feios, mesmo a vida sendo maravilhosa.
Falta alguma coisa. Falta eu, ainda mais eu, já que é tanto domingo. Porque só Eliza pode por e tirar de sua vida, ninguém mais, nem os Domingos.
São já 10:40 am, papai está chegando para me buscar pro almoço em família de hoje, domingo, 27 de novembro. Vamos sorrir, porque não é pecado e nem difícil!


sobrevivi a esse!!

Tuesday, November 22, 2005

Desvario, as mãos não aprenderam a ter razão.

A gente fica se preparando pra viver e olha ai... tá acabando tudo.
Minhas horas, meu relógio quer parar antes do tempo, o tempo não para, mas os relógios quebram e fazem parecer que as horas param. E é nessas horas que você precisa de um relógio novo, que será outro... aquele que quebrou já não terá mais jeito, é inútil. Minhas horas querem parar antes do tempo, ou eu sou lerda. Nada fiz ainda e meu tempo já acabou? Não me deram tempo pra nada então... injustiça, eu queria fazer tanta coisa. Talvez tenha feito, acho que fiz, mas queria mais, muito mais, desejo ilimitado, já disse... eu desejo todas as estrelas, mas minhas mãos, estas duas mãos, são pequenas pro desejo do mundo, as coisas me escapam

a vida escorre por nossas mãos e gente olha e diz “opa!” e só.

Hoje eu concluí que a gente só morre por ter medo de morrer
Se não tem medo enfrenta e vive. Vive muito mais, até que um dia as leis da Natureza te levam, mas elas podem, elas são divinas.
Minha cabeça vai explodir, sabiam? Vai mesmo...
E nem posso aproveitar desse vulcão prestes a entrar em erupção... é muita idéia querendo sair, daí todas ficam entaladas.

Vcs não têm nada a ver com isso mesmo, mas e daí, eu preciso me expressar, todo mundo precisa... pouco me importa a sua indiferença, eu não estou indiferente a essa situação.
Eu devia estar estudando, mas é muita coisa na minha cabeça. Meu cérebro precisa de férias, mas eu não quero que ele as ganhe. Eu preciso ver o tempo todo, não gosto de dormir (a morte de todo dia), eu quero sentir a dureza da vida nas veias latejando, isso me faz forte... mas a força maior eu não tenho, as coisas acontecem e não dependem só de mim, dependem da relação do todo. Em algum momento eu ia perder e já sabia disso.

Talvez eu esteja enganada quanto ao meu tempo... tomara que sim.
É incrível como eu não consigo parar de falar. Uma vez eu disse em algum lugar que eu não sabia dar um fim às coisas, mesmo o fim sendo a coisa mais natural que possa acontecer às coisas com um começo, eu nunca consegui dar um belo fim aos meus poemas, nem textos, nem frases, nem gestos. É engraçado, mas o homem em vida é sempre tão belo, interessante e depois que vira um cadáver?? É igual um animal qual-quer-qual-quer-qual-quer, não tem graça, nem brilho, é também morno, como todo resto.
Ainda bem que esse texto é grande, pois assim a possibilidade das pessoas- que anseiam por vida- que entram aqui lerem é menor. Nem precisam comentar pequenos grãos de fermento, belos, não digam nada... respirem o que eu digo. Peguem minha vida, peguem minha lucidez, eu não consigo mais respirar a vida de ninguém, eu fazia isso pra viver, mas ai eu vi que matava as pessoas... mentira, eu nunca respirei a vida de ninguém, eu respirei livros, sabiam!? Lhes digo que é muito mais fácil e delicioso, mas os livros têm finais tão bonitos, eu pensei que aquilo só poderia ser mentira (a mentira não é algo ruim), daí eu resolvi abraçar o mundo e as pessoas, hoje nada me agrada mais que um abraço, nada! Ai que está o perigo, fui perdendo meus pedaços, eu me dei às pessoas... eu perdi mais um pouco de mim, o meu completo eu não se encontra só em meu corpo, ele está por ai, com toda a gente, assim eu não perco de uma vez e vejam só, assim não terei fim.
O incrível é que eu vario tanto de assunto que já não sei mais do que estou falando
as pessoas me chamam de louca... elas gostam tanto de dizer coisas desnecessárias (talvez como oq eu digo agora, mas a gente sempre prefere acreditar que não). Meu amigo sem olhos nunca me chamou de louca, nem nunca me abraçou, nem sabe onde moro, nem conhece meus pais, nem nunca fez coisas normais ao meu lado, ele me conhece, ele vai levar grande parte de mim e nossos encontros, sempre tão reais, foram totalmente surrealistas e dolorosos. Um prazer.
Pq eu estou escrevendo aqui? As vezes me estranho demais, só os papéis me entendem, essa tela tem cor de papel, acho que ela está enganando minha consciência... Está nada!! É difícil me enganar, eu gosto da “realidade”, eu nunca tive problemas com ela.
campos-carvalho-campos-carvalho
as pessoas não deviam ter medo de se expressar
alguém já assistiu Nostalgia? O poeta se expressou bem lá... ele chegou ao ápice e depois morreu, nunca mais viu a decadência de novo, esperto foi ele!
Um outro homem se matou pra preservar o Pantal, ele é um herói, ele não se matou nada, ele se tornou imortal, esperto ele também.
Eu falo demais, eu sempre odiei esconder o que sinto e penso
mesmo assim, eu sou silenciosa. Soturna...

Minha inconsciência quer domir, eu odeio dormir, eu odeio dormir... pq nessas horas as coisas estão acontecendo e eu estou ficando pra trás. Eu vou ser ignorante pra sempre, mas talvez minha ignorância tenha limite.
Quero escrever um livro antes de ir e deixar minha correspondência ao remetente anônimo, isso é que o ofício de escrever faz... eu queria tanto escrever pra viver, ser jornalista... talvez não dê, mas eu vou continuar acreditando que sim, até o não vencer.

Tão belos os homens, essa turba, eu odeio os números... eles são tão perfeitos, como os homens os descobriram? Eu sempre gostei da imperfeição, das mulheres com rostos masculinos, dos homens com cara de doença, eles é que são belos. Da música que vária em agudo e grave em meio tempo... dos dias em que a chuva leva os telhados das pessoas que não tem dinheiro pra duas refeições diárias... literatura. Tudo mais, tudo belo. Tudo tão mentiroso.

Outro dia falo da mentira

Ou não

Meu relógio diz não enquanto digo sim. Eu sempre disse sim, mas ainda não pra tudo, não pro fim.


issonãofazsentidomesmo

isso é um blog, tem de tudo. Aqui tem vida e mundo. Tem de tudo.
Desvario, as mãos não aprenderam a ter razão.

Sunday, November 13, 2005

Concretizando o sonho sem-terra.

A individualidade, os paralelos, o abismo que existe entre eu e você, mas mesmo assim é possível que nos compreendamos. É necessário preservar isso, a singularidade de cada um é o que nos une.
Hoje eu estava vendo o clipe ao vivo de uma banda – que não direi o nome pois isso não importa – e observando a expressão e presença de palco deles, percebi que cada um estava em um mundo, seu próprio mundo, sua pira, mas mesmo assim o desempenho deles era genial e admirável, a música soava com harmonia independente de serem 4 diferentes pessoas fazendo diferentes coisas a executando. E é ai meus amigos!!!! O complemento de cada um pelo menos objetivo, a música. A união de potências diferentes que se concretizam atrás do mesmo veículo, isto é tão possível na música quanto na organização social.
O homem moderno é individualista e isto é lindo e ótimo! Mas, sozinhos sempre, nunca conseguiremos nada, isto é um fato.(4)
Fazendo uma analogia com o mundo dos insetos pra explicar melhor:
Uma formiga é muito forte e agüenta carregar algo que tenha 50 vezes o seu peso, mas mesmo assim ela não é capaz de construir um formigueiro sozinha e nem incomodar muita gente, pois é bem fácil destruir uma formiga e junto seu ideal. Ela precisa de companheiras formiguinhas(5)!! Ela pode até ter o plano arquitetônico de um excelente formigueiro formulado em sua mente, mas só poderá colocá-lo em prática com a ajuda de outras formigas, estas que estarão ajudando a concretizar a idéia talvez tento outros objetivos e anseios totalmente diferentes do da formiga inicial, mas a forma de concretizar este desejo é a mesma!!!
Nossas idéias, na maioria das vezes, são extensas, complexas, divergentes às das outras pessoas porque nosso pensamento é ilimitado, você não pode medi-lo. Na hora de passá-lo para o plano físico você precisa dar forma concreta (mesmo que seja através de um livro que relate sua idéia, ela ganhou forma física, visível e palpável) a ele e é nesse processo de concretização e “tradução” real que as idéias ganham âmbitos semelhantes para mais de uma pessoa. Como na matemática, 1+1=2 sempre, mesmo que o 1 pra mim seja uma laranja e pra você uma bala, na hora de representar isso de forma aritmética nós vamos representar da mesma forma.
É ai que nos focaaaaaamos, da unidade sem-terra para a base com-terra, da idealização para o concreto, da artística insustentável leveza do ser para a racional sustentável do ser!!!!

Léxico irrelevante(ou não):

*4- a forma com que as existências têm relação de intimidade e interesses mesmo havendo um abismo entre cada um; o campo de atração que o acaso exerce entre pessoas de mesmos interesses concretizáveis. Não há porque se desesperar, o simples fato de seguir sua própria vida normalmente lhe leva à pessoas compatíveis, mas caso você não esteja em movimento vai morrer sozinho e cair da grande bola azul.

*5- juntar o que cada um tem de melhor, esqueça os defeitos, as qualidades servem pra esconder os defeitos, são belas pinturas por cima do feio, elas valem mais e são mais fortes, unamos nossas qualidades comumente concretizadas no plano palpável.


*eu usei os números 4 e 5, porque esses são os pontos 4 e 5 da minha “cartilha” sobre como passar a sua capacidade sem-terra para o plano concreto, hehehe. Qualquer dia eu falo sobre o 1,2 e 3.


obs: mesmo eu sendo realmente burra por ter deletado o post aonde eu explicava what the hell is sem-terra(pq isso não tem a ver com o MST) eu acredito que lendo esse post as pessoas serão capazes de entenderem, nem que seja mais ou menos, o que eu quero dizer com sem-terra, maaaaas caso você, caro leitor, não entenda, diga, pois eu faço um post explicando. :]