Tarkovsky
" Exatamente pelo fato de que a arte não se exprime em termos lógicos, nem sempre é possível fazer com que uma mensagem seja compreendida pelo público. Não se pode forçar ninguém a apreciar um filme. Nisso reside parte do talento do artista. Muitas pessoas não aceitavam os filmes de Tarkovsky, e os consideravam entediantes. Para outra parcela do público, suas películas constituíam intensas reflexões filosóficas. A princípio o que Tarkovsky tenta dizer é que para gostarmos de arte, e particularmente de seus filmes, precisamos ter vontade e capacidade de se entregar ao artista. Numa alusão religiosa, o diretor diz que precisamos ter predisposição e muita fé. Muitas vezes, as pessoas não estão dispostas a refletir, então ouvimos "Não gosto deste filme, é muito cansativo."
Para Tarkovsky, Goethe está completamente certo, quando diz que ler um bom livro é tão difícil quanto escrevê-lo. Uma boa obra de arte, deve contar com bons intérpretes. Numa boa obra de arte é impossível separar qualquer um de seus componentes, seja o conteúdo ou a forma, pois uma obra prima transcende qualquer classificação.Pela falta de um público mais crente, Tarkovsky chega a afirmar que a arte não ensina nada a ninguém, "uma vez que em quatro mil anos não aprendemos nada." Se fossemos capazes de nos entregar as obras primas e assimilássemos completamente seu conteúdo, "já teríamos nos transformado em anjos há muito tempo." "
http://www.wezen.com.br/wezine/tarkovs.htm
Eu não acrescento mais nada...
4 Comments:
é verdade. em 4 mil anos nós não aprendemos nada.
é triste perceber nossa ignorância quanto ao mundo.
Vamos lá, nós queremos a arte que está conforme os padrões, alguma coisa dramática e cômica. nada assustador, nada que seja a verdade.
Eu ainda ando muito preocupada com o fato do fim do mundo.
Nós somos ignorantes, nós não podemos cuidar da natureza.
Nada é mais artístico que a natureza.
ah, natureza.
Ah, arte natural.
é isso que a gente precisa aprender.
Oi, Eliza; obrigada pela visita ao Dufas. Volte sempre:-)
Lica
Esse texto me deu dor de cabeça :P
Aaheuhea
bjus, ja mudei a forma de comentar do blog
valeu pela observação
A questão da autonomia da obra de arte perante o tempo, sua transcendência espaço-temporal; a questão da contemplação, do juízo de gosto... é tão questionada! rs...
Férreamente Nietzsche afirmava que não há arte sem emoção... Mas filmes 'enlatados americanos' também têm emoção...
Há teóricos que são contra, e para os quais na contemplação de uma OBRA de arte é necessário que se dissipe a emoção, o interesse... A crítica mais recente vêm e engaja a arte.. outros defendem a 'autonomia' da arte... mas, tira-se o social da obra de Chico B. e perdemos muito do sentido...
Talvez estejamos muito longe de um estado estético de contemplação pura... ou muito perto. Tão perto, que a arte acaba sendo quase que banal e, além do mais, quase tão institucionalizada... É como a anedota: o sujeito, num museu de amostra contemporânea, ficava a contemplar o extintor no canto da sala...
Enquanto se fazem novos artistas, fiquemos com os já grandes. rs...
Belo texto.
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